Por Arthur Barcelos, @arthurbarcelos_
Que a primeira divisão do futebol italiano (quase) sempre foi dominada pelo norte todos já sabemos, não à toa os três maiores campeões são de lá: Juventus (29), Inter (18) e Milan (18). Mas como tudo há uma exceção, nem sempre o norte ganhou o Scudetto. Em uma dessas raras exceções, o título da temporada 1969/70 foi para o Cagliari, localizado na Sardenha, uma ilha ao oeste da Itália.
Que a primeira divisão do futebol italiano (quase) sempre foi dominada pelo norte todos já sabemos, não à toa os três maiores campeões são de lá: Juventus (29), Inter (18) e Milan (18). Mas como tudo há uma exceção, nem sempre o norte ganhou o Scudetto. Em uma dessas raras exceções, o título da temporada 1969/70 foi para o Cagliari, localizado na Sardenha, uma ilha ao oeste da Itália.
Time campeão italiano em 1969/70 (Foto: cagliaricampione.it) |
Antes da conquista sarda, a região central da já havia conquistado três Scudettos, graças à Roma (1941/42) e Fiorentina (1955/56 e 1968/69).
A ascensão do Cagliari começou em 1964/65. Foi a “primeira vez” do time rossoblù na Serie A. Ainda novato, os sardos encontraram bastantes dificuldades no início, porém aos pouco foi se recuperando e ainda conseguiu a sétima colocação, algo surpreendente para um time até pouco tempo desconhecido. Na temporada seguinte, não teve uma boa participação e ficou em 11º, três pontos apenas da zona de rebaixamento.
Então na temporada 1966/67, a estrela de seu maior ídolo, “Gigi” Riva, começou a aparecer e com a ajuda de seus gols (18, sendo o artilheiro) o Cagliari conseguiu a sexta colocação, participando pela segunda vez seguida da extinta Copa Mitropa (torneio criado em 1927 que reunia times da Europa Central, e que antecedeu a Copa Europeia/ Liga dos Campeões, criada 1955). Na temporada seguinte, nova decepção, porém Riva continuava fazendo seus gols (13 desta vez).
Gigi Riva, dono de uma canhota incrível, aliava velocidade e bom posicionamento, não à toa jogava como ponta-esquerda e centroavante. É o maior artilheiro da história do Cagliari e da Seleção Italiana (Foto: forzaitalianfootball.com) |
Em 1968/69 por muito pouco o Cagliari conquistou a Itália. Muito pouco mesmo, mais especificamente por quatro pontos. Esta foi a diferença entre o time sardo e a Fiorentina. E Riva fora o artilheiro da competição, com 20 gols em 29 jogos.
Então veio a temporada da consagração. 45 pontos (quatro à frente da Inter), 17 vitórias, 11 empates, 2 derrotas, 42 gols marcados (segundo melhor ataque) e 11 gols sofridos (melhor defesa). Essa foi a campanha do Cagliari campeão italiano de 1969/70. Melhor time em casa, e melhor time como visitante. Campeão com todos os méritos, desbancando a Inter de Boninsegna e a Juventus de Anastasi.
Claro, a estrela de Gigi Riva brilhou. Il Rombo di Tuono colaborou com 21 gols, sagrando-se novamente artilheiro da Serie A. Destaques também para Albertosi (goleiro), Martiradonna (lateral-direito), Cera (volante), Domenghini (ponta-direita) e Nenê (meia-atacante, e que jogou no Santos de Pelé).
Scopigno ao lado de seu homem de confiança, Riva, capitão e artilheiro do time (storiedicalcio.altervista.org) |
Manlio Scopigno, técnico, armou o time no famoso catenaccio, uma adaptação do 4-3-3, e que dominou o futebol italiano por um bom tempo.
Cagliari de Scopigno no catenaccio (Ilustração: TacticalPad) |
Scopigno contava com uma defesa muito sólida, que mesmo com a lesão de Tomasini, o líbero do time, manteve a regularidade com Cera, o volante, cumprindo a mesma função. Dois meias muito criativos. Greatti era o regista, enquanto o brasileiro Nenê o mezz’ala punta. Pontas (Domenghini e Riva) que ao invés de buscarem a linha de fundo, tendiam infiltrarem na área adversária, aproveitando da movimentação de Gori, o centroavante.