A morte de Piermario Morosini, do Livorno, em partida contra o Pescara pela Serie B neste sábado (14) chocou o mundo. Como mantenho o Calcio Alternative já tomei como hábito todos os sábados acompanhar as rodadas da segunda divisão do futebol italiano, e não foi diferente nesta semana.
Infelizmente presenciei a morte de um ser humano sendo transmitida ao vivo, alí bem na minha frente. Foi um dos momentos mais agonizantes que já passei em meus curtos 18 anos de vida. Foi um daqueles momentos em que você se sente completamente impotente diante de algo tão sério. Naquele momento só consegui fazer uma coisa: rezar para que tudo terminasse bem. Não deu certo, e confesso que quando chegou a confirmação do falecimento de Morosini derrubei algumas lágrimas.
Alguém pode dizer que várias pessoas morrem todos os dias de várias formas, algumas até piores, e ninguém fala nada. A aflição de ver pela TV alguém como eu e você sofrer e se rebater nas últimas batidas de seu coração é extremamente chocante para qualquer um. É impossível não se comover. Foram alguns casos de mortes de jogadores em campos de futebol nos últimos tempos, mas jamais havia presenciado ao vivo.
A história de vida de Morosini faz com que tudo se torne ainda mais comovente. O jogador que pertencia a Udinese e estava atuando pelo Livorno perdeu o pai em 2001, a mãe em 2003 e um irmão deficiente que suicidou-se em 2005. Com o falecimento de Piermario, sua irmã, também deficiente, foi a única membro da família que restou.
Neste domingo (15) Antonio Di Natale, atacante da Udinese, disse que irá adotar a irmã de seu amigo com o apoio de seu clube.
Esqueçam o futebol, esqueçam os problemas pessoais e do mundo, esqueçam as falcatruas. Esta atitude de um sujeito que tem a vida ganha e que é um dos principais jogadores da Itália no momento me faz parar para pensar e parar de generalizar e complexar problemas pequenos. O mundo tem pessoas de bem, muitas pessoas de bem, mas que são ofuscadas em alguns momentos por oportunistas e vigaristas, que não são importantes agora.
Refletir em uma situação como essas é inevitável, mas realmente mudar é necessário. Esta não é apenas uma ladainha de politicamente correto, é algo que senti a necessidade de expressar.
O mundo ainda tem jeito. Parabéns a Di Natale, uma pessoa que merece todas as saudações por ser quem ele realmente é. Se uma pessoa, apesar de vivermos em uma sociedade tão individualista, ainda é capaz de atos como esses eu também sou, você também é, todos somos, o que me faz sorrir em meio a tanta comoção. Não consegui expressar um quinto do que sinto, mas vale dizer que o mundo ainda tem jeito. Ainda tem...