AS CINCO RODADAS SEM EUSEBIO DI FRANCESCO PODEM CUSTAR O REBAIXAMENTO DO SASSUOLO
Fundado em 1920, a Unione Sportiva Sassuolo Calcio foi, durante muitos anos, uma pequena e inexpressiva equipe da cidadezinha de Sassuolo, com 39 mil habitantes, na província de Modena, na Emilia-Romagna. Os neroverdi debutaram na Serie B somente em 2008-2009 e, em apenas cinco temporadas na segunda divisão, conquistou o inédito acesso a Serie A.
Sob o comando do jovem Eusebio di Francesco, o Sassuolo surpreendeu o futebol italiano ao conquistar o título da segunda divisão pela primeira vez na história. Adepto de um ofensivo 4-3-3, Di Francesco montou uma equipe tendo como base a força defensiva de Marcelo Gazzola, Emanuele Terranova e Alessandro Longhi, com a juventude ofensiva das revelações Domenico Berardi, Richmond Boakye e Leonardo Pavoletti.
Para a disputa da Serie A, os emiliani perderam Boakye, que pertence a Juventus e foi emprestado ao Elche, da Espanha. Por outro lado, o sasòl reforçou o elenco com o promissor atacante Simone Zaza, além de bons nomes, como Jasmin Kurtic, Gianluca Pegolo, Antonio Floro Flores e Ezequiel Schelotto. Mesmo com várias caras novas, Di Francesco não mudou a forma de jogar do time, com três atacantes e dando oportunidades aos novos valores.
Mesmo com um elenco promissor, o Sassuolo teve de esperar um tempo para o entrosamento das novas contratações. No entanto, a goleada por 7 a 0 sofrida para a Inter, na quarta rodada, parece ter servido como um choque de realidade para os novatos. A partir de então, foram dez partidas e apenas duas derrotas. Nesse período, os neroverdi chegaram a tirar pontos de Roma, Napoli e Lazio.
No entanto, com a chegada do inverno europeu, a tabela ficou mais difícil. Depois da derrota para o Chievo, na 15ª rodada, o Sassuolo enfrentou Juventus (1º), Fiorentina (4º), Genoa (8º), Milan (11º) e Torino (8º). Desses jogos, os sassolesi venceram o Milan e perderam os demais. Resultados normais contra adversários bem mais fortes. Na sequência, uma expressiva derrota por 3 a 1 para o Livorno, adversário direto na luta contra o rebaixamento, fez a diretoria do clube perder a paciência e demitir Di Francesco.
Todos que brigam pela permanência na primeira divisão têm seus momentos de altos e baixos. O Sassuolo vivia um período difícil, mas Eusebio di Francesco conhecia seus jogadores e já tinha mostrado que poderia reagir quando a tabela voltasse a ser favorável. No entanto, a decisão intempestiva do presidente Carlo Rossi e do proprietário Giorgio Squinzi se mostraria um erro em breve.
Para o lugar de Di Francesco foi contratado o decadente técnico Alberto Malesani, campeão da Coppa Italia e Copa da UEFA pelo Parma, em 1999. Malesani vive da grife do nome desde então. Teve passagens frustradas por Palermo, Genoa, Bologna, Siena, Empoli, Udinese, Modena, Verona e Panathinaikos. Nesse período, teve participação no rebaixamento de todas as equipes por qual passou, menos Genoa, Bologna, Udinese e Panathinaikos, porém, sem sucesso nessas esquadras também.
Malesani chegou ao banco de reservas do Sassuolo no dia 29 de janeiro de 2014 e promoveu uma avalanche de contratações nos últimos dias da janela de transferências. Chegaram nomes experientes como Paolo Cannavaro, Sergio Floccari, Matteo Brighi, Davide Biondini e Thomas Manfredini. Em campo, o novo comandante tirou a estrela da companhia, o jovem Domenico Berardi, então vice-artilheiro da competição, e trocou o esquema tático para um 3-5-2 com três volantes. Ou seja, além de tirar a vocação ofensiva da equipe, Alberto Malesani colocou no banco o craque do time e substituiu os jovens e entrosados por dinossauros em fim de carreira.
O técnico reformulou o Sassuolo no meio da temporada e, obviamente, isso não daria certo. Malesani ficou à frente do caçula da Serie A por cinco rodadas e foi derrotado em todas. Então o desempenho pífio fez a diretoria do clube repensar, demitir Alberto Malesani e recontratar Eusebio di Francesco. Malesani assumiu o Sassuolo a um ponto de deixar a zona de rebaixamento e entregou a equipe a quatro pontos de sair da degola.
Em duas rodadas sob comando de Di Francesco, o Sassuolo já mostrou reação. Contra dois adversários diretos, empatou fora de casa com o Bologna e voltou a vencer, diante de seu torcedor, contra o Catania, por 3 a 1.
Agora o objetivo de Di Francesco é trabalhar com um elenco mais envelhecido, mas, ao mesmo tempo, voltar a dar seu padrão de jogo ao Sassuolo para, na reta final de temporada, fugir do rebaixamento. O Sassuolo é mais um exemplo de quando a grife de um técnico pode sair pela culatra.