Jogadores comemoram jogando o treinador Filippo Inzaghi para o alto (Fotos: Fotos: Marco Sabadin/Vision) |
Quando se fala em Veneza, logo vem à mente os românticos canais que atravessam a pantanosa cidade do nordeste da Itália onde é possível passear em gôndolas, passando sob as charmosas pontes que compõe um dos mais lindos cenários do mundo. No entanto, neste final de semana, Veneza foi a terra do futebol. O tradicional Venezia ficou apenas no empate por 1 a 1 com o vice-lanterna Fano, em casa, mas o resultado, combinado com a derrota do segundo colocado Parma, foi suficiente para os lagunari abrirem 12 pontos de vantagem na ponta da tabela com mais três rodadas pela frente. Com isso, a equipe treinada por Pippo Inzaghi (ele mesmo) garantiu o acesso direto à Serie B depois de 12 anos.
Neste período, os leoni alati passaram alguns dos piores momentos de sua história. Com 23 participações na Serie A, o clube do Vêneto chegou ao fundo do poço duas vezes. A primeira, em 2005, após a administração de Maurizio Zamparini, que levou a equipe à Serie A, mas abandonou o time ao vislumbrar no Palermo uma oportunidade melhor de investimento. Sem dinheiro, a equipe entrou em crise e decretou falência pela primeira vez. Nos anos seguintes, o Venezia figurou na terceira divisão, até ser excluído do campeonato por graves problemas financeiros na temporada 2008/2009. Um grupo de torcedores até chegou a fundar um novo clube, o VeneziaUnited, com medo de que o clube fosse acabar. Porém, o recomeço aconteceu na Serie D, equivalente à quinta divisão. Depois de quatro anos, os arancioneroverdi retornaram ao futebol profissional em 2012, já sob o comando do empresário russo Jurij Korablin, ex-sargento do exército soviético e ex-prefeito da cidade de Khimki, onde montou uma equipe de futebol e basquete.
Com o investidor estrangeiro, a expectativa era de que o Venezia fosse crescer e voltar às primeiras divisões do futebol italiano. No entanto, o que aconteceu foi exatamente o contrário. Em 2014/2015, Korablin diminuiu drasticamente o investimento no Venezia por causa da crise econômica que culminou com a desvalorização da moeda russa e as sanções financeiras impostas por Estados Unidos e outros países. Sem dinheiro, em 2015 o clube decretou a segunda falência em dez anos. Na temporada seguinte, os veneziani recomeçaram da Serie D, que agora é equivalente à quarta divisão, sob o comando temporário do empresário americano do setor de produtos de limpeza James A. Daniels. No mesmo ano, o cargo de presidência passou para o advogado americano com descendência italiana Joe Tacopina, que passou a ser o dono da maior parte das ações dos leões alados.
Desde que Tacopina assumiu a presidência, o Venezia vem crescendo ano após ano. A equipe conquistou dois acessos seguidos e estará de volta à Serie B em 2017/2018. Aliás, além das participações na primeira divisão, os veneziani são donos de dois títulos da Serie B, em 1961 e 1966, além de uma Coppa Italia, em 1941.
CAMPANHA
Dentro de campo, o Venezia não tem um grande destaque individual, mas o técnico Filippo Inzaghi, uma aposta depois do período ruim à frente do Milan, conseguiu tirar o melhor de um grupo que mescla juventude e experiência. Apesar da história de sucesso do treinador como atacante, o clube não tem o ataque mais positivo do grupo B da Lega Pro, mas possui, de longe, a melhor defesa, com apenas 26 gols sofridos em 35 jogos. Neste sistema defensivo, o goleiro Davide Facchin, de 29 anos, tem sido bastante seguro. O zagueiro Marco Modolo, de 28 anos, é outra peça fundamental no trio de defensores à frente de Facchin. Modolo vive o melhor momento na carreira, após passagens discretas por Parma e Carpi.
Geijo é um dos artilheiro do Venezia na temporada |
A consistência do Venezia é impressionante. Os lagunari assumiram a liderança do grupo B em definitivo na 18ª rodada e não largaram mais. São 15 partidas seguidas de invencibilidade, com 12 vitórias e três empates. Os comandados de Pippo Inzaghi não perderam ainda em 2016 e, dentro de casa, no Estádio Pier Luigi Penzo, somente uma derrota, para o Padova, em 28 de novembro de 2015. Uma campanha incontestável de um time que deu mais um passo no sonho de voltar a estar entre os grandes.
PLAYOFFS
Com outras equipes fortes, como Padova, Reggiana e Pordenone, que esteve muito próximo do acesso na temporada passada, o grupo B talvez pode ser considerado o mais forte da Lega Pro. No entanto, existia a expectativa de que o Parma pudesse fazer uma campanha melhor. Os crociati começaram o campeonato com o elenco mais caro do grupo e como principais favoritos ao acesso. Porém, os emiliani não mostraram dentro de campo a mesma superioridade dos números. Fora três vitórias, três empates e duas derrotas nas nove primeiras rodadas, um retrato da irregularidade que acompanhou o time durante a temporada. O desempenho não foi suficiente para brigar pelo acesso direto, mas o Parma garantiu com antecedência uma vaga nos playoffs, assim como Pordenone, Padova e Reggiana, graças às derrotas de Santarcangelo e Maceratese na 35ª rodada.