segunda-feira, 17 de abril de 2017

VENEZIA RETORNA À SERIE B COM PIPPO INZAGHI E DINHEIRO AMERICANO

Jogadores comemoram jogando o treinador Filippo Inzaghi para o alto (Fotos: Fotos: Marco Sabadin/Vision)
Quando se fala em Veneza, logo vem à mente os românticos canais que atravessam a pantanosa cidade do nordeste da Itália onde é possível passear em gôndolas, passando sob as charmosas pontes que compõe um dos mais lindos cenários do mundo. No entanto, neste final de semana, Veneza foi a terra do futebol. O tradicional Venezia ficou apenas no empate por 1 a 1 com o vice-lanterna Fano, em casa, mas o resultado, combinado com a derrota do segundo colocado Parma, foi suficiente para os lagunari abrirem 12 pontos de vantagem na ponta da tabela com mais três rodadas pela frente. Com isso, a equipe treinada por Pippo Inzaghi (ele mesmo) garantiu o acesso direto à Serie B depois de 12 anos. 


Neste período, os leoni alati passaram alguns dos piores momentos de sua história. Com 23 participações na Serie A, o clube do Vêneto chegou ao fundo do poço duas vezes. A primeira, em 2005, após a administração de Maurizio Zamparini, que levou a equipe à Serie A, mas abandonou o time ao vislumbrar no Palermo uma oportunidade melhor de investimento. Sem dinheiro, a equipe entrou em crise e decretou falência pela primeira vez. Nos anos seguintes, o Venezia figurou na terceira divisão, até ser excluído do campeonato por graves problemas financeiros na temporada 2008/2009. Um grupo de torcedores até chegou a fundar um novo clube, o VeneziaUnited, com medo de que o clube fosse acabar. Porém, o recomeço aconteceu na Serie D, equivalente à quinta divisão. Depois de quatro anos, os arancioneroverdi retornaram ao futebol profissional em 2012, já sob o comando do empresário russo Jurij Korablin, ex-sargento do exército soviético e ex-prefeito da cidade de Khimki, onde montou uma equipe de futebol e basquete.

Com o investidor estrangeiro, a expectativa era de que o Venezia fosse crescer e voltar às primeiras divisões do futebol italiano. No entanto, o que aconteceu foi exatamente o contrário. Em 2014/2015, Korablin diminuiu drasticamente o investimento no Venezia por causa da crise econômica que culminou com a desvalorização da moeda russa e as sanções financeiras impostas por Estados Unidos e outros países. Sem dinheiro, em 2015 o clube decretou a segunda falência em dez anos. Na temporada seguinte, os veneziani recomeçaram da Serie D, que agora é equivalente à quarta divisão, sob o comando temporário do empresário americano do setor de produtos de limpeza James A. Daniels. No mesmo ano, o cargo de presidência passou para o advogado americano com descendência italiana Joe Tacopina, que passou a ser o dono da maior parte das ações dos leões alados.

Desde que Tacopina assumiu a presidência, o Venezia vem crescendo ano após ano. A equipe conquistou dois acessos seguidos e estará de volta à Serie B em 2017/2018. Aliás, além das participações na primeira divisão, os veneziani são donos de dois títulos da Serie B, em 1961 e 1966, além de uma Coppa Italia, em 1941.

CAMPANHA

Dentro de campo, o Venezia não tem um grande destaque individual, mas o técnico Filippo Inzaghi, uma aposta depois do período ruim à frente do Milan, conseguiu tirar o melhor de um grupo que mescla juventude e experiência. Apesar da história de sucesso do treinador como atacante, o clube não tem o ataque mais positivo do grupo B da Lega Pro, mas possui, de longe, a melhor defesa, com apenas 26 gols sofridos em 35 jogos. Neste sistema defensivo, o goleiro Davide Facchin, de 29 anos, tem sido bastante seguro. O zagueiro Marco Modolo, de 28 anos, é outra peça fundamental no trio de defensores à frente de Facchin. Modolo vive o melhor momento na carreira, após passagens discretas por Parma e Carpi.

Geijo é um dos artilheiro do Venezia na temporada
Com 10 gols, o experiente atacante Alex Geijo, de 35 anos, é o artilheiro da equipe, ao lado de Stefano Moreo, de apenas 23 anos e 1,91m, que pertence ao Virtus Entella, da Serie B. O tridente ofensivo é completado por Marcello Falzareno. O ponta direita fez apenas um gol na temporada, mas o baixinho de 1,67m tem velocidade para cair pelos lados do campo. Falzareno foi contratado no meio de 2016 após passar um ano no Bassano Virtus, que bateu na trave do acesso na última temporada. Além disso, o lateral esquerdo Agostino Garofalo, ex-Novara, de 32 anos, também é uma arma importante do time de Inzaghi. Garofalo foi responsável por 12 assistências no campeonato.

A consistência do Venezia é impressionante. Os lagunari assumiram a liderança do grupo B em definitivo na 18ª rodada e não largaram mais. São 15 partidas seguidas de invencibilidade, com 12 vitórias e três empates. Os comandados de Pippo Inzaghi não perderam ainda em 2016 e, dentro de casa, no Estádio Pier Luigi Penzo, somente uma derrota, para o Padova, em 28 de novembro de 2015. Uma campanha incontestável de um time que deu mais um passo no sonho de voltar a estar entre os grandes.

PLAYOFFS

Com outras equipes fortes, como Padova, Reggiana e Pordenone, que esteve muito próximo do acesso na temporada passada, o grupo B talvez pode ser considerado o mais forte da Lega Pro. No entanto, existia a expectativa de que o Parma pudesse fazer uma campanha melhor. Os crociati começaram o campeonato com o elenco mais caro do grupo e como principais favoritos ao acesso. Porém, os emiliani não mostraram dentro de campo a mesma superioridade dos números. Fora três vitórias, três empates e duas derrotas nas nove primeiras rodadas, um retrato da irregularidade que acompanhou o time durante a temporada. O desempenho não foi suficiente para brigar pelo acesso direto, mas o Parma garantiu com antecedência uma vaga nos playoffs, assim como Pordenone, Padova e Reggiana, graças às derrotas de Santarcangelo e Maceratese na 35ª rodada.

Venezia na Serie B!
About Aldir Junior de Sales Gomes

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