segunda-feira, 21 de abril de 2014

FIGURINHA: EUGENIO CORINI


Relembrar o passado é um exercício que valoriza a história. Então, o Calcio Alternative estreia uma nova coluna para, de uma forma diferente, lembrar quem fez e faz a história do futebol italiano. Com ajuda dos conhecidos álbuns de figurinhas, traremos um pouco mais sobre jogadores, ex-jogadores e treinadores que atuam ou atuaram na Itália. Essa é a nova coluna Figurinha.

Para começar, vamos falar de Eugenio Corini. Nascido em 30 de julho de 1970, em Bagnolo Mella, na província de Brescia, Corini passou pelas categorias de base de um time da sua cidade, antes de tentar a sorte no Voluntas Brescia. O meio campo central foi descoberto pelos olheiros do tradicional Brescia, onde ele passou dois anos adquirindo experiência no time Primavera antes de estrear entre os profissionais em 1987, com apenas 17 anos. Naquela temporada, a equipe rondinelle terminou apenas na oitava colocação da Serie B. Foram três temporadas com a camisa da leonessa, com 77 partidas e nove gols. O suficiente para chamar a atenção da Juventus.

Corini desembarcou em Turim em 1990, com 20 anos e o rótulo de grande promessa, como um grande cobrador de faltas e pênaltis, mas não foi uma temporada fácil. A Itália tinha acabado de perder a Copa do Mundo em casa e a Juve estava longe dos tempos vencedores. Em duas temporadas, o jogador ganhou várias oportunidades com os técnicos Luigi Maifredi e Giovanni Trapattoni, principalmente como suplente de Roberto Baggio, mas não coseguiu explodir. Mesmo assim, conquistou o título do Campeonato Europeu Sub-21 com a Seleção Italiana em 1992 e esteve na Squadra Azzurra que disputou os Jogos Olímpicos do mesmo ano, em Barcelona. Porém, a partir de então, a eterna promessa começou a carreira de peregrino. Em 1991/1992, Eugenio Corini se transferiu para a Sampdoria, onde entrou em campo em 24 jogos e marcou quatro gols. Na temporada seguinte, acertou um empréstimo ao Napoli, onde não teve tantas oportunidades em menos de um campeonato e meio.

Em novembro de 1994, Corini retornou ao time de origem, o Brescia, dessa vez na Serie A. Apesar de ter participado de 24 partidas e marcado dois gols, o jogador não conseguiu evitar o rebaixamento dos bresciani. na última colocação, com apenas duas vitórias e 26 derrotas. No ano seguinte, o atleta, então com 25 anos, ainda conseguiu cavar um lugar em outro time da Serie A, o Piacenza. Dessa vez, a equipe defendida por Eugenio  Corini conseguiu escapar da degola terminando o campeonato na 14ª colocação, apenas uma acima do descenso.

Em 1996/1997, Corini se mudou para o Verona, por onde entrou em campo apenas nove vezes. O Hellas foi rebaixado e depois de pouco mais de uma temporada na Serie B, Eugenio trocou de camisa, mas não de cidade. Ele foi justamente para um dos maiores rivais do ex-clube, o Chievo. Em dois campeonatos da Segundona, o meia viu o Verona subir e seu time brigar para não cair para a Terceira Divisão. Porém, a redenção veio em 2000/2001, quando o Chievo conquistou o histórico e inédito acesso à elite do futebol italiano. Mais do que isso, Corini foi uma peça importante no time que fez história ao conquistar a quinta colocação na Serie A e uma vaga na antiga Copa Uefa (atual Europa League) na primeira temporada do time na máxima divisão.

Depois de 136 partidas, 27 gols e de entrar na história do Chievo, Corini foi para a Ilha da Sicilia, onde defendeu o Palermo por quatro temporadas, entre 2003 e 2007. O roteiro foi mais ou menos parecido. Com a camisa rosa, o jogador tirou as águias da Serie B e levou o clube siciliano à Copa Uefa no primeiro ano após o retorno. Até hoje o jogador é lembrado como um dos ídolos do time rosanero.

O jogador ainda atuou por duas temporadas no Torino antes de encerrar oficialmente a carreira em 2009. A partir de então, Corini estudou para ser treinador e assumiu o comando técnico do pequeno Portogruaro, em 2010, então recém promovido à Serie B. Porém, não obteve sucesso, assim com nas duas seguintes equipes, o Crotone e o Frosinone. 

No entanto, o melhor momento de Corini como técnico começou em outubro de 2012, quando recebeu o convite para assumir o Chievo depois da demissão de Domenico Di Carlo. Ele conseguiu o objetivo de alcançar a salvação na Serie A com uma rodada de antecedência, mas optou por não renovar o contrato. Porém, o treinador retornou ao ex-clube em novembro de 2013 com a saída de Giuseppe Sannino. Novamente, Corini manteve o time de Verona na Serie A e renovou o contrato por três anos ao final do campeonato. Só que o bresciano foi demitido do cargo após uma derrota por 3 a 0 para a Roma em outubro de 2014.

ESTATÍSTICAS


1987-1990: Brescia (Serie B) - Jogos: 77     Gols: 9

  • 1987-88: 8º colocado
  • 1988-89: 16º colocado
  • 1989-90: 10º colocado
1990-1992: Juventus (Serie A) - Jogos: 47     Gols: 2
  • 1990-91: 7º colocado
  • 1991-92: 2º colocado
1992-1993: Sampdoria (Serie A) - Jogos: 24     Gols: 4
  • 1992-93: 7º colocado
1993-1994: Napoli (Serie A) - Jogos: 17     Gols: 0
  • 1993-94: 6º colocado
1994-1995: Brescia (Serie A): - Jogos: 24     Gols: 2
  • 1994-95: 18º colocado
1995-1996: Piacenza (Serie A): - Jogos: 32     Gols: 1
  • 1995-96: 14º colocado
1996-1998: Hellas Verona (Serie A e Serie B) - Jogos: 46     Gols: 4
  • 1996-97 (Serie A): 17º colocado
  • 1997-98 (Serie B): 7º colocado
1998-2003: Chievo Verona (Serie A e Serie B) - Jogos: 134     Gols: 27
  • 1998-99 (Serie B): 11º colocado
  • 1999-00 (Serie B): 15º colocado
  • 2000-01 (Serie B): 3º colocado
  • 2001-02 (Serie A): 5º colocado
  • 2002-03 (Serie A): 7º colocado
2003-2007: Palermo (Serie A e Serie B) - Jogos: 129     Gols: 25
  • 2003-04 (Serie B): 1º colocado
  • 2004-05 (Serie A): 6º colocado
  • 2005-06 (Serie A): 5º colocado
  • 2006-07 (Serie A): 5º colocado 
2007-2009: Torino (Serie A) - Jogos: 44     Gols: 1
  • 2007-08: 15º colocado
  • 2008-09: 18º colocado

FIGURINHAS


       

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quarta-feira, 16 de abril de 2014

DE VOLTA AO PROFISSIONALISMO: TRADICIONAIS PISTOIESE E ANCONA SE GARANTEM NA SERIE C

Torcedores do Ancona comemoram o retorno da equipe ao profissionalismo (Foto: Ancona1905.it)

Não é novidade que as equipes de futebol da Itália, principalmente as de menor porte, passam por dificuldades financeiras. Por conta disso, algumas não resistem às más administrações, acabam falindo e, por consequência, são obrigadas a voltar nas divisões menores. 

Equipes tradicionais, centenárias ou quase centenárias também não escampam da crise financeira. Para se ter uma ideia, nove dos 20 clubes da Serie A já faliram por causa de dívidas e, para se salvarem, tiveram de ser refundadas. Dependendo das garantias financeiras que o clube apresenta, ele pode voltar até nas divisões amadoras regionais, que representam a quinta, sexta, sétima, oitava e nona divisões do futebol italiano.

Mas esse final de semana foi de alegria para Pistoiese e Ancona. As duas esquadras também são tradicionais e já disputaram a primeira divisão. Porém, por causa de presidentes que endividaram os clubes, tiveram a falência decretada. Mas o último final de semana foi de alegria para os torcedores dessas equipes. Depois de anos penando no futebol amador, Pistoiese e Ancona garantiram, com três rodadas de antecedência, o retorno a Serie C em 2014-15. A terceira divisão é a última categoria totalmente profissional na Itália.

PISTOIESE


O Pistoiese tem 93 anos e chegou a disputar a primeira divisão nas temporadas 1928-29 e 1980-81. Nas duas acabou sendo rebaixado, mas, em sua segunda participação na Serie A, teve no elenco Marcello Lipi, já em fim de carreira. Lipi fez 45 jogos com a camisa laranja e não marcou nenhum gol. Como treinador, o ex-defensor viria a comandar a Juventus por oito anos e ganhar cinco títulos italianos. Marcello Lipi também foi o treinador da Itália no último título mundial da azurra, em 2006.

Também passaram pelo Pistoiese nomes como Andrea Barzagli, campeão do mundo em 2006, atualmente na Juventus e na seleção italiana que disputará a Copa do Mundo no Brasil, e Giuseppe Dossena, ídolo do Torino e campeão mundial em 1982.

A equipe da cidade de Pistoia disputou a Serie B 23 vezes, sendo a última em 2007-08. Os arancioni decretaram falência em 2009 por causa das dívidas. No entanto, essa não foi a primeira vez que o Pistoiese passou pela desagradável experiência. Em 1989, também por problemas financeiros, os toscanos faliram quando estavam na quarta divisão. Foram sete anos até o clube conseguir se reestruturar e voltar a Serie B, em 1994-95.

Depois da última refundação, em 2009, o Pistoiese passou por duas temporadas na Eccellenza Toscana, a sexta divisão do futebol italiano, até conseguir o acesso a Serie D. Depois de dois anos batendo na trave na categoria semiprofissional, o Pistoiese abriu dez pontos de vantagem para o vice-líder do grupo E, Foligno, e, com três rodadas de antecedência, garantiu a volta ao profissionalismo.

FICHA

Nome: Unione Sportiva Pistoiese S.p.A
Cidade: Pistoia, Toscana
Fundação: 1921
Refundação: 1988 e 2009
Última participação na Serie A: 1980-81
Última participação na Serie B: 2001-02

Serie D 2013-14 -Grupo E

1º - Pistoiese: 74 pontos
2º - Foligno: 64
3º - Arezzo: 61
4º - Pianese: 56
5º - Scandicci: 55

ANCONA


O Ancona é mais antigo do que o Pistoiese, tem 109 anos, e possui uma história maior na primeira divisão. São oito participações do clube da região de Marche na máxima categoria do futebol italiano. A última delas aconteceu em 2003-2004. Aliás, essa temporada marcou uma vexatória campanha dos anconetani. O time biancorosso terminou o campeonato na última posição, com apenas duas vitórias em 34 rodadas e 13 pontos somados, 17 pontos a menos que o penúltimo colocado Empoli. Após a péssima temporada e com sérios problemas financeiros, o Ancona decretou falência.

Os dorici foram parar na Serie C2 (quarta divisão) e, depois de cinco anos, conseguiram voltar a Serie B. Em 2008-2009 o Ancona ficou na 19ª colocação e venceu o playout contra o Rimini, permanecendo na segunda divisão. Na temporada seguinte, os marchigiani fizeram uma campanha um pouco melhor, terminando em 17º. No entanto, pela segunda vez em seis anos, o Ancona sofreu com má administração e foi excluído da Serie B por causa dos problemas financeiros.

A crise no A.C. Ancona chegou ao extremo em 2010, quando a equipe, sem dinheiro, apareceu inscrita na Terza Categoria regional de Marche, a última divisão italiana. Porém, o clube foi impedido de entrar em campo pelo tribunal da liga local por causa de irregularidades na inscrição. Os biancorossi foram excluídos do futebol e desfiliados oficialmente da Federação Italiana de Futebol.

Seria o fim de uma história centenária. Mas o então prefeito da cidade, Fiorello Gramillano, conseguiu convencer os diretores de outro time local, a Società Sportiva Piano San Lazzaro, fundada em 1948, a mudar seu nome oficial para S.S.D. Unione Sportiva Ancona 1905. O San Lazzaro disputava o campeonato Eccellenza (sexta divisão) e, partir de então, o Ancona renasceu das cinzas.

O novo Ancona conseguiu um imediato acesso a Serie D na primeira temporada. Depois de três anos na D, os anconetani conquistaram com três rodadas de antecedência a promoção para o profissionalismo da Serie C em 2014-15.

FICHA

Nome: Unione Sportiva Ancona 1905 s.r.l.
Cidade: Ancona, Marche
Fundação: 1905
Refundação: 2010
Última participação na Serie A: 2003-04
Última participação na Serie B: 2009-10

Serie D 2013-14 -Grupo F

1º - Ancona: 71 pontos
2º - Matelica: 61
3º - Termoli: 60
4º - Maceratese: 55
5º - Vis Pesaro: 45


Foto 2: Jogadores do Pistoiese fazem festa no vestiário depois do empate por 2 a 2 com o Pianese, que garantiu o acesso a Serie C (Quartieri)
Foto 3: Torcedores do Ancona saem as ruas da cidade para comemorarem a volta ao profissionalismo (Ancona1905.it)
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quinta-feira, 10 de abril de 2014

UM SONHO CONTINENTAL

ATALANTA VOLTA A NAMORAR COM EUROPA DEPOIS DE SETE ANOS, MAS PRECISA CORRIGIR ERROS PRIMÁRIOS PARA REALIZAR O SONHO

Torcida da Atalanta festeja bom momento na Serie A (Foto: Magni)

A Atalanta disputou uma competição europeia pela última vez na temporada 1990-91, quando chegou até as quartas de final da então Copa da UEFA (hoje Europa League). Desde então, a equipe bergamasca vem alternando entre rebaixamentos, campanhas medianas e namoros com a volta à Europa.

Os neroazzurri estiveram muito próximos de um retorno a Copa da UEFA em 2006-07, quando ficaram na oitava colocação, a quatro potnos do sétimo Empoli, que se classificou à UEFA. De lá para cá, foram quatro campanhas regulares e um rebaixamento. Após a volta a Serie A, em 2011-12, essa tem sido primeira temporada em que a Atalanta volta a sonhar com a Europa.

Torcida da Atalanta acredita na classificação à Europa League (Foto: Magni)
Apesar da inesperada derrota em casa para o vice-lanterna Sassuolo, na 32ª rodada, a Atalanta mantém viva a chama de voltar a disputar uma competição europeia. É difícil? Sim, muito. A tabela até o final do campeonato não é nada fácil, com Roma, Verona, Juventus e Milan pelo caminho, mas a Atalanta continua na disputa. É improvável que a Dea consiga desbancar os rivais e terminar na quinta colocação, mas essa é uma temporada para se comemorar bastante, mesmo se a vaga na Europa não vier. Uma grande evolução para uma esquadra que, acima de tudo, é bem entrosada.

No início da Serie A, se esperava da Atalanta apenas um campeonato regular, para se salvar do descenso com a maior segurança possível. Apesar de estar no comando técnico há cinco anos, Stefano Colantuono não é o técnico dos sonhos de um time que quer subir de patamar. O treinador ainda teve que se virar nesse meio tempo com o desmanche da equipe com as saídas de Manfredini, Peluso, Schelotto, Padoin, Cristiano Doni e Gabbiadini. Colantuono teve de remontar o elenco com vários remendos de emergência, como Stendardo, Yepes, Scaloni, Del Grosso, Giorgi e Migliaccio, que se incorporaram ao plantel principal e envelheceu ainda mais a média de idade. 

Não dava para imaginar que a Atalanta, apesar da ótima campanha em casa, poderia sequer imaginar em sonhar com Europa League. Na verdade, um bom momento no torneio, com o recorde histórico de seis vitórias seguidas, foi o que levantou a squadra neroazzurra na tabela de classificação. Esse momento mostrou o potencial que a Dea tem, com jogadores talentosos como Cigarini, Baselli, Estigarribia, Bonaventura, Moralez, De Luca e Denis. Mostrou como esses atletas, entrosados, podem render bons frutos. Só que a derrota para o Sassuolo fez com que a equipe de Colantuono voltasse a ter os pés no chão. Foi um revés que mostrou como, apesar dos bons valores, ainda falta um pouco mais para a Atalanta brigar, de fato, pelas competições europeias. Deu para perceber que o sistema defensivo continua falho, com os zagueiros lentos e a lateral esquerda, com Del Grosso, deficiente.

Se a Atalanta conseguir arrumar seus problemas, rejuvenescer o elenco, manter os principais jogadores, e, por consequência, se estabilizar na Serie A, tem tudo para voltar a figurar mais vezes entre os postulantes a um lugar na Europa. Um exemplo para isso é o Parma. Estável na Serie A, desde que decretou falência, em 2004, o clube da Emilia-Romagna só foi rebaixado uma vez, em 2007-08. A partir de 2009-10, os crociati embalaram cinco temporadas seguras na primeira divisão, sem correr um novo risco de ser rebaixado, e mais, foi construindo um elenco forte, encorpado e, que hoje, está próximo de ser um dos representantes da Itália na Liga Europa.


Foto 3: Jogadores da Atalanta comemora gol contra o Livorno (Magni)
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